ICVA aponta recuo de 1,4% nas vendas do Varejo em agosto
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) aponta que o faturamento do Varejo em agosto de 2025 caiu 1,4% em termos reais, em comparação com o mesmo mês de 2024. O resultado considera o desconto da inflação.
Apesar da deflação registrada no mês, a alta geral de 4,95% dos preços, acumulada nos últimos 12 meses, impacta os dados deflacionados.
Em termos nominais, que refletem o faturamento dos varejistas, houve crescimento de 3,5% em relação a agosto do ano passado.
Apesar do aumento dos valores transacionados, os dados mostram que o volume real de vendas segue pressionado pela inflação e pelo comportamento mais cauteloso do consumidor.
O varejo brasileiro manteve a tendência de crescimento nominal, mas com queda real. Isso reflete o ambiente macroeconômico ainda desafiador para o consumo.
Este resultado se mantém consistente com outros indicadores econômicos como, por exemplo, a desaceleração do PIB no segundo trimestre.
Todos os macrossetores apresentam queda no mês
Os três macrossetores do Varejo registraram queda em agosto.
Serviços apresentou retração de 1,8%, mesmo com os resultados positivos do setor de Turismo & Transporte.
Isso porque o recuo do desempenho de Bares & Restaurantes influenciou no resultado. O segmento ainda demonstra enfrentar dificuldades. Mesmo com o efeito positivo do Dia dos Pais, a alta de preços influenciou os resultados do setor.
Com queda de 0,4%, Bens Não Duráveis também apresentou recuo. O macrossetor foi impactado, principalmente, pelo desempenho do setor de Supermercados & Hipermercados.
A alimentação dentro do domicílio apresenta tendência de deflação – o que pode ser um sinal de desaceleração nas compras e ajuste de demanda.
Isso pode indicar que o consumidor está mais sensível a preços e menos disposto a repassar esses aumentos para o carrinho, dando preferência apenas ao essencial na hora das compras.
Tal comportamento é o efeito esperado da política de juros: menor demanda leva à estabilização ou queda dos preços em itens essenciais.
Já o macrossetor de Bens Duráveis e Semiduráveis apresentou recuo de 4,1%, fortemente influenciado pelos resultados negativos dos setores de Móveis, Eletro & Depto e de Materiais para Construção.
Para Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo, a população manteve o comportamento cauteloso frente ao cenário econômico:
“Agosto reforça a tendência de crescimento nominal com queda real no varejo brasileiro, evidenciando o impacto da inflação sobre o consumo e a cautela do consumidor. Setores como Turismo & Transporte seguem em destaque positivo, enquanto Supermercados & Hipermercados parecem começar a sentir uma desaceleração no consumo”.
Em termos nominais, houve crescimento do e-commerce e das vendas presenciais
Em termos nominais – que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista – o e-commerce cresceu 3,9% em agosto, enquanto as vendas presenciais subiram 3,4% em relação ao mesmo mês de 2024.
Inflação registra queda
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia do IPCA divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou deflação de 0,14% em agosto, a primeira queda do índice em mais de dois anos.
No acumulado de 12 meses, o indicador atingiu alta de 4,95%.
O grupo Habitação foi o principal responsável pelo comportamento no mês passado, com queda de 1,13%, puxada pelo recuo de 4,93% na energia elétrica residencial.
Alimentação e Bebidas apresentaram retração de 0,53%, com destaque para a alimentação no domicílio (queda de 1,02%).
Por outro lado, alimentação fora do domicílio mostrou avanço de 0,71%, mas com desaceleração em relação a julho (quanto a alta foi de 0,84%).
Transportes também contribuíram para a deflação, com recuo de 0,47%, revertendo a alta de julho.
Combustíveis para veículos apresentaram recuo de 1,18% e passagens aéreas teve queda de 2,59%.
Ponderando o IPCA e o IPCA-15 pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em agosto foi de 5% (abaixo dos 5,3% de julho).
Desempenho das regiões
De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a agosto de 2024 foram:
- Sudeste: queda de 1%
- Sul: queda de 2,3%
- Centro-Oeste: queda de 2,7%
- Nordeste: queda de 1,1%
- Norte: queda de 4%.
Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados de cada região foram:
- Sudeste: alta de 4%
- Sul: alta de 3,4%
- Norte: alta de 1,3%
- Centro-Oeste: alta de 2,3%
- Nordeste: alta de 2,8%
O que é o ICVA – Índice Cielo de Varejo Ampliado
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas.
Eles respondem por milhares de clientes credenciados à companhia.
O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Business Analytics da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.
Como o ICVA é calculado
A unidade de Business Analytics da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento – como a variação de marketshare, substituição de cheque e dinheiro no consumo, bem como o surgimento do Pix.
Dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Este índice não é, de forma alguma, a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
Entenda o Índice Cielo do Varejo Ampliado
- ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.
- ICVA Deflacionado – É o ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, utilizamos um deflator, que é calculado a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), apurados pelo IBGE e ajustados ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.
O novo modelo contempla informações do IPCA entre o primeiro e 11º mês e do IPCA-15 referentes ao 12º mês. No mês seguinte, o histórico do dado deflacionado será ajustado com a aplicação do IPCA daquele mês, podendo conter uma variação marginal.
- ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – É o ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.
- ICVA E-Commerce – Indicador do crescimento da receita nominal no canal de vendas online do Varejo do período em comparação com o período equivalente do ano anterior.
Vídeo: como acompanhar as vendas no varejo com o ICVA
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