Mesmo com o calendário desfavorável, fevereiro surpreendeu positivamente e apresentou a menor queda de vendas desde junho de 2016.
A receita de vendas do comércio varejista brasileiro apresentou queda de 3,5% em fevereiro em relação ao mesmo período do ano passado, depois de descontada a inflação. A retração é a menor desde junho de 2016. Os dados são do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), divulgado nesta quarta-feira (15).
“Podemos interpretar o resultado de fevereiro como positivo para o varejo, dado que esperávamos uma retração maior, por conta do efeito de calendário, já que o ano passado foi bissexto e teve um dia a mais”, observa Gabriel Mariotto, gerente da área de inteligência da Cielo.
Descontados os efeitos de calendário de fevereiro, o desempenho do varejo no mês do Carnaval teria sido 2,4 pontos percentuais maior, com retração de 1,1%. “Este índice de retração ajustado está no mesmo nível do que observamos em julho de 2015, quando o patamar de queda do varejo ainda não era tão forte quanto foi em 2016”, completa Mariotto.
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, registrou alta de 4,76% no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, enquanto janeiro havia registrado 5,35%.
Assim, ponderando o IPCA pelos setores e pesos do varejo ampliado, houve uma desaceleração da inflação no varejo de 5,0% em janeiro para 4,3% em fevereiro.
Neste mês, a desaceleração da inflação continuou impulsionada pelo grupo de produtos alimentícios, que impacta principalmente o setor de Supermercados e Hipermercados.
SETORES
Assim como ocorreu no último mês, em fevereiro o ICVA apontou retração em praticamente todos os setores do varejo na comparação com o mesmo período do ano passado. A exceção foi o setor de Turismo e Transportes.
A diferença é que a maioria dos setores teve uma melhora no ritmo de vendas,
apresentando uma retração menor que a de janeiro.
O grupo de setores de Serviços foi o que registrou melhor performance no mês de fevereiro, puxada pelo crescimento de Turismo e Transportes comentado acima.
O conjunto de setores de Bens não Duráveis – que inclui Supermercados e Hipermercados, Drogarias e Farmácias, Postos de Combustíveis, entre outros -, embora ainda com retração, apresentou aceleração expressiva, principalmente por conta do melhor desempenho de Supermercados e Hipermercados.
Por fim, o bloco de Duráveis e Semiduráveis também teve melhora de ritmo na passagem de janeiro para fevereiro, puxada pelo setor de Vestuário.
REGIÕES
Em fevereiro, as regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentaram retrações de 4,0% e 3,6%, respectivamente. O varejo ampliado no Sudeste registrou retração de 3,3% no período, seguido pelas regiões Norte e Sul, com baixas de 2,8% e 2,4%, respectivamente.
SOBRE O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores mapeados pela Cielo, de pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor dentro do resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo com base nas vendas realizadas nos mais de 1,7 milhão de pontos de vendas ativos credenciados à companhia. A proposta do Índice é oferecer mensalmente uma fotografia do desempenho do comércio varejista do país a partir de informações reais.
COMO É CALCULADO
A gerência de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento, como a variação de market share, bem como isolar os efeitos da substituição de cheque e dinheiro no consumo – dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
ENTENDA O ÍNDICE
ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.
ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator que é calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.
ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.
Clique aqui para acessar a série histórica do ICVA.