Com executiva da IBM, Garagem Talks promove bate-papo sobre a responsabilidade social das empresas tecnológicas
No dia 24/09, o Time Cielo participou de mais uma edição do Garagem Talks, nosso encontro quinzenal sobre tecnologia e inovação.
Com o tema “A responsabilidade social das empresas tecnológicas”, o encontro teve a presença da convidada Flávia Freitas, Head LA & Brasil de Responsabilidade Social na IBM, além do Daniel Poli, Head de Sustentabilidade, Diversidade e Responsabilidade Corporativa e da Ana Fusco, Gerente de Inovação do Garagem, que fazem parte da nossa equipe.
De forma leve e descontraída, os participantes abordaram tópicos cada vez mais relevantes como a responsabilidade e o papel das empresas na democratização da tecnologia, os vieses cognitivos nos aparatos tecnológicos e a importância da diversidade para o futuro da inovação.
Protagonismo na busca por novas oportunidades traz benefícios
Para abrir o bate-papo, nossa convidada contou sua trajetória pessoal e profissional até chegar ao cargo de Head de Responsabilidade Social na IBM para a América Latina e o Brasil.
“Minha família sempre valorizou a educação. E aprendi que educação é tesouro. Então, fui enchendo ‘meu baú’ de conhecimento porque sabia que isso seria de grande valia no futuro”, contou Flavia Freitas para, em seguida, falar sobre sua carreira na IBM:
“Por muito tempo, fui a única mulher negra no mercado de tecnologia. Não era comum e continua não sendo. E foi importante não me sentir diminuída. Se você tem as capacidades, as habilidades e as ferramentas, precisa ir por aí. Esse sentido de pertencimento se traduziu em correr atrás do que eu queria, sem esperar que oferecessem as chances”.
E Flavia tem muita propriedade para falar sobre o protagonismo na carreira. Começou como estagiária e passou por áreas como tecnologia, finanças, gestão de projetos e pesquisa, com um ponto comum: pedir e buscar as oportunidades por iniciativa própria.
A ampla experiência e o sucesso em todas essas frentes renderam um convite para participar de um processo interno de seleção para Chief of Staff da Presidência da IBM para a América Latina (AL).
“Fui selecionada e trabalhei dois anos nessa função. É um MBA da vida real, pois você atua como CEO da empresa sem ser. Esse programa tem objetivo de trazer aprendizado e aceleração de carreira, preparando as pessoas para assumirem funções executivas. Assim, no fim do ano passado, assumi a área de Responsabilidade Social na IBM para a AL”, disse.
Tecnologia e responsabilidade social devem estar conectadas
Para falar sobre o papel das empresas de tecnologia na promoção da responsabilidade social e da inclusão digital, Flávia deu exemplo prático, que ela vivenciou em família.
Na praia, seu filho de sete anos quis comprar um sorvete e a venda foi feita pelo sorveteiro com uso de uma maquininha de pagamento.
“Isso é um exemplo prático de inclusão e transformação digital. É levar essa oportunidade para toda a sociedade”, ressaltou. “Vivemos a transformação digital no ano passado de forma ‘extrapolada’ por causa da pandemia e tivemos em meses o que era esperado para cinco anos em relação à transformação digital. Agora, é extremamente importante fazer isso ainda mais acessível e simples. A simplificação é um desafio e ainda estamos nos estágios iniciais”.
Para ela, a tecnologia precisa estar diretamente conectada com a responsabilidade social. E os dados reforçam esse aspecto.
Uma recente pesquisa feita pela própria IBM indica que até 120 milhões de trabalhadores no mundo vão precisar passar por novos treinamentos para se recapacitarem e estarem preparados para o avanço da tecnologia em suas atividades profissionais.
“Ao mesmo tempo, 45% dos executivos do mundo dizem que não encontram as pessoas que precisam para entregar e executar suas estratégias. Então, as empresas de tecnologia têm o papel de educar. Enquanto não quebrarmos os silos da desigualdade da educação, não adianta”, reforçou a executiva.
A tecnologia deve ser um agente facilitador na resolução dos problemas, incluindo aqueles que fazem parte da realidade das populações mais vulneráveis.
Para Daniel Poli, aliar inovação e responsabilidade vai ao encontro da estratégia de Sustentabilidade da Cielo. Um dos pilares estratégicos é exatamente a forma como nossa companhia atua na sociedade, buscando a transformação social através da inclusão digital:
“A tecnologia é um dos motores de mudança da sociedade. Precisamos entender isso até como estratégia de negócio, porque se não fazemos isso, comprometemos até a nossa sustentabilidade. A tecnologia traz um choque de mudança e precisamos fazer parte dela, já que a tecnologia não existe por si só, ela existe para alguém”.
Democratização da tecnologia passa pela Diversidade
O objetivo da tecnologia é resolver os problemas da sociedade. Por permear quase todos os segmentos e áreas, as soluções tecnológicas devem considerar as características sociais para serem realmente eficientes e inclusivas.
Flavia reforça que a democratização do acesso é necessária para garantir o desenvolvimento econômico, preenchendo a enorme demanda por pessoas com a capacitação e o conhecimento necessários para suprir as necessidades do mercado e da sociedade como um todo:
“Temos um dado interessante do Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum) que diz que, se a gente conseguir fechar as lacunas de skills (habilidades) até 2028, geramos uma injeção de recursos de 11 trilhões de dólares na economia. As pessoas estão sedentas por ter um trabalho e gerar riquezas. Democratizar é levar o conhecimento para que, no fim, seja possível devolver isso em forma de riqueza e desenvolvimento para a sociedade”, ressalta.
Ana Fusco relembrou também que todo esse processo também passa pela ampliação da Diversidade no ramo da Tecnologia. E nossa convidada ratificou essa questão:
“Diversidade e Inclusão não é benemerência. As empresas mais diversas conseguem ter um aumento de até 28% nas receitas e de margem de lucro de até 30%. As maiores empresas já sabem disso, mas as empresas menores muitas vezes ainda enxergam a inclusão como uma barreira”, explica. “No entanto, a diversidade amplifica aquilo que é reflexo da sociedade. Então, se conseguimos desenvolver produtos e serviços para todos, a empresa consegue chegar mais perto do consumidor. Em consequência, ela acaba vendendo mais também”, pontuou.
Assim, tecnologia e diversidade acabam sendo temas complementares – e um precisa fomentar o outro.
Isso é essencial também para eliminar possíveis vieses e preconceitos – muitas vezes, até inconscientes – de quem está criando as tecnologias (em inglês, AI Bias; em português, em livre tradução, viés/tendência de IA).
“As tecnologias de IA deixaram mais evidentes esses vieses. Felizmente, hoje temos Conselhos de Ética que regulam a aplicação dessas tecnologias. É claro que as pessoas que constroem a tecnologia contribuem com esses vieses. Por isso é importante que a comunicação para eliminação desses vieses seja feita de forma clara”, reforçou Flavia.
Para finalizar, ela enfatizou que a inserção da diversidade e inclusão nas empresas precisa ser feita de forma intencional, ainda mais diante do cenário pós-pandemia, onde a digitalização se torna ainda mais relevante.
“Se não tivermos a intenção, não vai acontecer. É muito mais fácil ter por perto os semelhantes e achar que só é inteligente quem pensa como a gente. A riqueza está em quebrar silos. Temos agora o modelo A.C. e D.C (antes e depois da Covid-19). O futuro do trabalho é mais humano, colaborativo, mais adaptado à demanda. Tecnologia sem mudança de comportamento não traz evolução”.