Negócios com impacto. Esse é o sonho de muitos empreendedores e que tem se tornado realidade com start ups lideradas por mulheres. Foi assim com a administradora de empresas Nicolle Stad, de 36 anos, que deixou um carreira em uma multinacional para apostar em sua própria ideia.
Ao lado de outros empreendedores, ela esteve do primeiro programa de mentoria de start ups promovido pela Cielo, no qual participou de encontros com executivos da companhia para impulsionar sua empresa, a INTI, que nasceu em 2015 e conecta clientes a museus e equipamentos culturais. No ano passado, a start up faturou mais de R$ 3 milhões.
Tecnologia que inovou o mercado cultural
Primeiro, a INTI apenas gerenciava as doações para os museus. Depois, assumiu os serviços para assinantes e, por fim, a venda direta de ingressos. Assim, virou referência no mercado cultural e conquistou algumas das principais instituições do país, como o Masp, o Museu do Amanhã (RJ) e o Instituto de Arte Contemporânea Inhotim (MG), entre outros.
A trajetória de sucesso é a segunda na história de Nicolle como empreendedora. “A INTI foi a segunda empresa que fundei. A primeira não deu certo porque o modelo de negócios não funcionava, mas a resiliência já estava lá”, diz ela, ciente do diferencial que a virtude representa para quem deseja empreender. Um atributo, segundo as pesquisas, bastante presente nas start ups lideradas por mulheres.
As mulheres trabalham com propósito
“Resiliência é um ponto forte feminino. Elas não desistem, elas conseguem olhar o negócio e encontrar uma maneira de reinventar. As mulheres que empreendem, normalmente, vão trabalhar com o que gostam, com o que acham que o mundo precisa, coisas que têm propósito, o que aumenta as chances de dar certo”, diz Denise Damiani, consultora na área de business e tecnologia e autora do livro “Ganhar, Gastar, Investir”(Sextante).
Dados do Global Entrepreneurship Monitor mostram que as mulheres representam 48% dos empreendedores no mundo. Nos Estados Unidos, 1.800 empresas são abertas por dia – 64% por mulheres negras. Dados do Sebrae mostram que as mulheres são as que mais abrem empresas. No Brasil, o número saltou de 2.519, em 2012, para 5.147, em 2017. “Por que é um tabu ser liderança se para homem não é? Nunca encarei isso como uma questão de gênero, mas de capacidade”, questiona Nicolle.
Apesar de as mulheres serem maioria na população brasileira, levantamentos revelam que elas são minoria em cargos de liderança. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Start ups em parceria com a consultoria Accenture mostrou que 74% da força de trabalho nas start ups são formadas por homens.
Inspiração para outras mulheres
Os números traduzem uma percepção da advogada Emilia Cappi, 39 anos, superintendente comercial de novos negócios na Finch Soluções, que oferece soluções tecnológicas na área do Direito e também foi uma das start ups participantes do programa de mentoria da Cielo. “Senti que a minha entrada deu um tônus diferente à gestão que acontecia nas reuniões. Fui a primeira mulher em cargo de liderança e, depois de mim, vieram outras.” A diversidade, diz Cappi, é discutida sempre em fóruns realizados pela empresa. “Precisamos ter um olhar atento para essa questão”, afirma.
O debate por mais mulheres nos negócios vem ganhando defensores de peso. Em 2014, a Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, a ser comemorado todo 19 de novembro. No ano passado, a ONU Mulheres lançou o programa “Ganha-Ganha: Igualdade de gênero significa bons negócios”, em parceria com a União Europeia e a Organização Internacional do Trabalho. O Brasil é um dos seis países na América Latina a implementar a iniciativa, cujo objetivo é fortalecer o protagonismo das mulheres no setor privado. “Ter mulheres em cargos de liderança inspiram outras mulheres e abrem portas para que elas ocupem cada vez mais esses espaços”, reflete Denise.
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