Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) apresentou variação nula em julho sobre o mesmo mês do ano passado, após descontada a inflação.
A receita de vendas do comércio varejista brasileiro apresentou variação nula (0,0%) em julho na comparação com o mesmo período do ano passado, descontada a inflação aplicada aos setores do varejo ampliado, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) divulgado nesta terça-feira (15).
O resultado quebra uma série negativa de 23 meses consecutivos – o varejo vinha apresentando retração desde agosto de 2015 nesta base de comparação. Em junho, o índice havia registrado queda de 0,1%.
“O desempenho de julho foi puxado pelo setor de Vestuário e Artigos Esportivos, que começou o ano muito bem, desacelerou em maio e junho e agora teve um novo salto em julho”, afirma Gabriel Mariotto, gerente da área de inteligência da Cielo.
O resultado apurado em julho seria ainda melhor não fosse o impacto negativo do calendário em relação ao mesmo mês do ano passado, com uma segunda-feira a mais e uma sexta-feira a menos – esta última tradicionalmente mais benéfica para o movimento do varejo.
Ajustados os impactos de calendário, o índice ficaria em 0,8%, patamar que indica uma aceleração do varejo em 1,4 p.p. quando comparado ao desempenho do mês de junho (-0,6%) nesse mesmo conceito – também o melhor resultado do índice deflacionado ajustado desde março de 2015.
Em termos nominais, o indicador revela alta de 0,8% em julho contra um ano antes. Isolados os efeitos de calendário, o índice nominal também mostra aceleração na passagem de junho para julho, de 1,2% para 1,5%.
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado em julho pelo IBGE apontou alta de 2,7% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto junho havia registrado 3,0%.
Ponderando o IPCA pelos setores e pesos que compõem o varejo ampliado, também houve desaceleração da inflação no varejo, de 1,9% em junho para 0,8% em julho, no acumulado dos últimos 12 meses. “A inflação no varejo já está no nível mais baixo da série histórica do ICVA, iniciada em fevereiro de 2014, e ainda desacelerou em julho”, comenta Mariotto.
SETORES
Em julho, todos os blocos de setores aceleraram na passagem mensal quando descontados os efeitos de calendário, contribuindo positivamente para o resultado do ICVA geral.
Aqueles que comercializam Bens Não Duráveis tiveram, em média, a melhor performance do mês, registrando crescimento sobre um ano antes. O bloco foi impulsionado por Supermercados e Hipermercados, que mostra fôlego em sua recuperação no segundo semestre, após um início de ano fraco.
O bloco de Bens Duráveis e Semiduráveis, apesar de ainda ter apresentado retração no mês, foi influenciado positivamente pelo desempenho de Vestuário e Artigos Esportivos, que foi o destaque do mês, computando um dos maiores crescimentos na comparação ano contra ano e a maior aceleração em relação a junho.
Por fim, os setores ligados a Serviços, embora ainda apresentem retração no resultado do mês, aceleraram de junho para julho – puxados principalmente por Alimentação em Bares e Restaurantes, após o setor ter tido um mês de junho mais fraco.
REGIÕES
Em termos regionais, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país registraram quedas na receita de vendas do varejo em julho. Nordeste (-0,1%) e Centro-Oeste (-0,8%) voltaram a computar retração no índice deflacionado após ambas terem sinalizado uma recuperação em junho (+0,9% e +0,5%, respectivamente).
Vale observar que o Sudeste, apesar da retração (-0,5%), também teve a menor queda desde julho de 2015, quando o ICVA deflacionado da região apontou baixa de 0,4%. O estado do Rio de Janeiro apresenta o pior desempenho do país e tem puxado o desempenho do Sudeste para baixo.
As regiões Sul e Norte subiram, respectivamente, 2,5% e 1,3% no mês, nesta mesma base de comparação.
Pelo ICVA nominal, que não desconta a inflação, a região Sul também fica na liderança, com alta de 2,8%. Nordeste, Norte e Sudeste cresceram 0,9%, 0,8% e 0,4%, respectivamente. Já o Centro-Oeste ficou estável na comparação com julho de 2016.
SOBRE O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores mapeados pela Cielo, de pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor dentro do resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo com base nas vendas realizadas nos mais de 1,6 milhão de pontos de vendas ativos credenciados à companhia. A proposta do Índice é oferecer mensalmente uma fotografia do desempenho do comércio varejista do país a partir de informações reais.
COMO É CALCULADO
A gerência de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento, como a variação de market share, bem como isolar os efeitos da substituição de cheque e dinheiro no consumo – dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
ENTENDA O ÍNDICE
ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.
ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator que é calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.
ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.
Clique aqui para acessar a série histórica do ICVA.