Gabriel Mariotto, Head de Inteligência, conta como a cultura data-driven tem mudado a empresa
Na última década, o uso de dados tornou-se ainda mais relevante para entender os padrões de comportamento e de consumo da população. Isso foi possível graças à evolução tecnológica, que, além de colher informações em tempo real, também aprimorou os métodos de análise e armazenamento dessa matéria-prima tão valiosa no século 21. Esse avanço levou à expressão Big Data, que surgiu por volta de 2005 com o Google e que está consolidada no vocabulário corporativo.
Atualmente, uma empresa que sabe usar os dados a seu favor tem inúmeras vantagens competitivas. De um lado, essa companhia data-driven(orientada por dados) consegue nortear suas decisões estratégicas com mais clareza e mais foco no cliente. Por outro lado, produz mudanças organizacionais que trazem mais agilidade e mais assertividade nos processos.
A importância de olhar para os dados
Realizado em 2018 pela consultoria de estratégia Frost & Sullivan, um estudo mostra que o Brasil é líder no mercado de Big Data[1] da América Latina. Apesar disso, muitas empresas sabem quanto é difícil estruturar sua área de coleta e análise de dados.
Na Cielo, esse processo de transformação começou há pouco mais de cinco anos. A imensa quantidade de dados disponíveis por meio das milhões de transações realizadas na empresa passou a ser observada como um patrimônio importante para entender melhor o padrão de consumo da população brasileira e também as demandas e o perfil dos clientes da Cielo.
Estruturar uma área de dados em uma empresa é uma tarefa complexa. Exige, entre outros pontos, uma metodologia de uso dessas informações; a definição de objetivos para a utilização desses dados; os profissionais adequados (engenheiros de dados, desenvolvedores, engenheiros de machine learning, analistas de Business Intelligence, entre outros) para extrair o máximo de elementos norteadores desses insumos.
Na Cielo, segundo Gabriel Mariotto, Head de Inteligência e um dos responsáveis pela implantação da área de dados na empresa, o setor adotou, desde seu princípio, em 2013, a visão de MVP (produto mínimo viável, em tradução livre). “A gente começou esse projeto de dados com apenas parte do que poderia ser feito. Estabelecemos uma abordagem ágil e criamos um protótipo para ser pilotado e testado internamente”, explica Gabriel.
Assim, nasceu o ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado), que completa 5 anos em 2019 e já é um dos principais indicadores do comportamento do varejo nacional. As informações coletadas pelo índice da Cielo revelam o desempenho das vendas em mais de 20 setores e têm sido utilizadas como fonte de informação por diversos veículos de comunicação e instituições financeiras, como o Banco Central.
O ICVA foi o primeiro produto resultante dessa mentalidade data-driven que passou a ser incentivada dentro da Cielo. “A gente foi aprendendo com os clientes, recebendo feedbacks, atendendo a pedidos , o que levou à criação de outros produtos, como o Big Data da Cielo e o Cielo Farol, serviços que fazem análises detalhadas de um negócio e do mercado no qual está inserido”, afirma o Head de Inteligência da Cielo.
À medida que novos produtos iam sendo desenvolvidos, a área de dados da companhia crescia, “mas sem esperar a tecnologia chegar”, ressalta Gabriel. “Fomos criando e usando a tecnologia disponível, fazendo adaptações, inovando e, conforme surgiam novas possibilidades, como o machine learning, fomos testando e caminhando junto.”
Dados para combater o achismo
Essa evolução, claro, não ampliou apenas as possibilidades dos clientes. O resultado desse esforço ficou cada vez mais evidente também dentro da própria Cielo. “Empresas líderes no uso dos dados chegam a ter cerca de 5% a mais de margem líquida. Mas o ganho vai além disso. Também combate a entropia, o achismo. Quando você vai para uma reunião munido de fatos, dados, a discussão fica mais curta, mais assertiva, mais embasada, mais precisa. Ou seja, quem manda são os dados”, ressalta Gabriel.
Na Cielo, segundo o Head de Inteligência, essa mentalidade tem sido utilizada em diferentes áreas. “Passamos a usar os dados para saber quanto se pode gastar para trazer um novo cliente, para fazer uma oferta com foco na retenção de clientes com perfis diferentes, para testar layouts no nosso site”, conta o executivo da empresa.
Essa visão vai continuar evoluindo dentro da Cielo, projeta Gabriel. “Hoje temos uma área de Analytics já bem estruturada, consistente. Vemos que as outras áreas também se beneficiam dessa orientação por dados. Os passos que estamos dando neste momento são para implantar isso, de vez, na cultura da empresa. É importante que não fiquemos restritos a apenas alguns níveis de gestão. Os dados devem fazer parte do dia a dia de todos os colaboradores”, pontua.