Receita de vendas no varejo apresenta a menor queda desde julho de 2015. Índice compara abril em relação ao mesmo mês do ano passado
A receita de vendas do comércio varejista brasileiro apresentou queda de 0,6% em abril em relação ao mesmo período do ano passado, depois de descontada a inflação. Os dados são do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), divulgado nesta segunda-feira (15).
“Em abril ainda tivemos retração no varejo em relação a um ano antes, mas ela foi pequena, a menor dos últimos 20 meses”, observa Gabriel Mariotto, gerente da área de inteligência da Cielo.
O resultado do mês seria ainda melhor não fossem os efeitos de calendário, principalmente pelos feriados do mês. Ajustados esses impactos, o índice apontaria crescimento de 0,3%, patamar que indica uma aceleração do varejo se comparado ao mês de março, que registrou -2,2% no ICVA Deflacionado com Ajuste de Calendário.
Em termos nominais, o indicador mostra alta de 2,4% em abril contra o mesmo período de 2016. Descontados os efeitos de calendário, o índice nominal aponta também aceleração na passagem de março para abril, indo de 1,1% para 3,3%.
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado em abril pelo IBGE apontou alta de 4,08% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto março havia registrado 4,57%.
Neste mês, o destaque para a desaceleração no período ficou com o grupo de Combustível.
Ponderando o IPCA pelos setores e pesos do varejo ampliado, chegamos a uma inflação no varejo de 3,0% em abril – abaixo, portanto, dos 3,4% registrados em março.
“É importante notar que neste primeiro quadrimestre do ano a inflação no varejo reduziu significativamente em relação ao patamar que tínhamos em 2016”, lembra Mariotto.
SETORES
Em abril, os destaques foram os setores de Vestuário, que vem se recuperando bem desde o início do ano, e Supermercados e Hipermercados, beneficiado pela Páscoa – em 2016, o feriado ocorreu em março.
Segundo Mariotto, “a Páscoa, na média, prejudica o Varejo, como geralmente ocorre com feriados, mas em alguns setores ela beneficia muito, como é o caso de Supermercados e Hipermercados”.
O bloco de setores que comercializam Bens Não Duráveis mostrou a melhor performance do mês. A aceleração foi impulsionada pelo desempenho de Supermercados e Hipermercados e Drogarias e Farmácias.
Já o conjunto de setores de Bens Duráveis e Semiduráveis apresentou um resultado negativo no mês – porém, descontados os efeitos de calendário, obteve a maior aceleração no período, puxada pelo setor de Vestuário.
Os setores de Serviços apresentaram a pior performance do mês. O destaque negativo ficou para o segmento de Turismo e Transporte, que registrou a maior desaceleração na passagem mensal.
REGIÕES
Em abril, todas as regiões brasileiras apresentaram aceleração no varejo, medida pelo ICVA deflacionado.
As regiões Sul e Norte tiveram altas de 3,8% e 2,6%, respectivamente. No Centro-Oeste, o varejo ampliado registrou retração de 0,9% no período, seguido das regiões Nordeste e Sudeste, ambas com queda de 1,1%.
Pelo ICVA nominal, que não considera o desconto da inflação, a região Sul registrou crescimento de 6,1% e o Norte cresceu 5,2% em comparação a abril de 2016. Já as regiões Nordeste e Sudeste apontaram altas de 2,0% e 1,7%, respectivamente. Já a região Centro-Oeste subiu 1,0% no mês.
SOBRE O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores mapeados pela Cielo, de pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor dentro do resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo com base nas vendas realizadas nos mais de 1,6 milhão de pontos de vendas ativos credenciados à companhia. A proposta do Índice é oferecer mensalmente uma fotografia do desempenho do comércio varejista do país a partir de informações reais.
COMO É CALCULADO
A gerência de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento, como a variação de market share, bem como isolar os efeitos da substituição de cheque e dinheiro no consumo – dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
ENTENDA O ÍNDICE
ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.
ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator que é calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.
ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.
Clique aqui para acessar a série histórica do ICVA.