Os setores mais prejudicados são Serviços e Bens Duráveis
Com a propagação da COVID-19, as vendas no varejo brasileiro recuaram 11,7% em março, descontada a inflação, em comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Em termos nominais, que espelham a receita de vendas observadas pelo varejista, o ICVA apresentou queda de 9,7%. É o resultado mais negativo apurado pelo índice desde sua criação em janeiro de 2014.
O mês de março deste ano ainda foi beneficiado pelo calendário, já que no ano passado o Carnaval foi celebrado em março, o que diminuiu a base de comparação. Ao ajustar este efeito de calendário, a queda foi ainda maior: 12,5% pelo ICVA deflacionado e 10,5% em termos nominais.
“Os segmentos de Turismo e Vestuário estão entre os mais prejudicados. Em compensação, os segmentos de artigos de primeira necessidade, como Supermercados e Farmácias, apresentaram crescimento das vendas, em especial nas primeiras semanas de março”, afirma o diretor de Inteligência da Cielo, Gabriel Mariotto.
“A queda foi resultado tanto da diminuição da demanda, já que os consumidores saíram menos às ruas, quanto da oferta, uma vez que muitos lojistas fecharam as portas, seja por iniciativa própria ou por determinação das autoridades governamentais”, completa Mariotto.
Setores
Descontada a inflação, os blocos de Serviços e de Bens Duráveis apresentaram queda nas vendas, de 29,8% e 24%, respectivamente, na comparação com março de 2019. Apenas o grupo de setores de Bens Não Duráveis, onde estão Supermercados e Farmácias, apresentou crescimento (5,7%).
No bloco de Serviços, a maior queda foi verificada no segmento de Turismo e Transportes, enquanto no de Bens Duráveis, o segmento mais prejudicado foi o de Vestuário.
Regiões
Todas as regiões apresentaram queda em março, segundo ICVA deflacionado. A maior queda foi observada na região Sudeste: -17,1%. Na sequência aparecem as regiões Centro Oeste (-9,3%), Nordeste (-9,1%), Sul (-9,1%) e Norte (-6,0%).
Pelo ICVA nominal,que não considera o desconto da inflação, o destaque também foi a região Sudeste: -13,8%. Em seguida aparecem as regiões Nordeste (-6,5%), Sul (-6,2%) Centro-Oeste (-5,8%) e Norte (-1,6%).
Trimestre
As vendas no varejo, já com a inflação descontada, caíram 2,3%, sendo que o desempenho ruim verificado no mês de março, resultado da propagação da COVID19, foi o principal responsável pela desaceleração.
O bloco de Bens não Duráveis registrou leve alta, enquanto Serviços e Bens Duráveis apresentaram queda.
Por conta do forte impacto em março, a região Sudeste já apresentou retração nas vendas para o trimestre (-2,6%). As demais ainda registraram alta, lideradas pela região Norte, com 4,3%, seguida das regiões Nordeste (1,6%), Centro-Oeste (1,5%) e Sul (0,3%).
Sobre o ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. Eles respondem por 1,5 milhão de varejistas credenciados à companhia. O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.
Como é calculado
A Unidade de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento,como a variação de market share, e os da substituição de cheque e dinheiro no consumo. Dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que são impactados por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.