Troca de cheque por cartão evita
perda de R$ 110 bilhões em 10 anos
As fortes transformações vivenciadas na experiência de compras têm amenizado os prejuízos dos setores de comércio e serviços. Dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) mostram que a substituição dos cheques pelo cartão evitou perdas de aproximadamente R$ 110 bilhões na última década. Os números foram apresentados durante o 12º CMEP (Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento), realizado dias 14 e 15 de março, em São Paulo.
“O objetivo do nosso ecossistema é brigar pelos 60% do share em pagamentos eletrônicos, em detrimento dos atuais 32,6%”, afirmou Fernando Chacon, presidente da Abecs, durante o painel “Regulação: evolução, impactos e desafios futuros”. Nos Estados Unidos, por exemplo, os pagamentos efetuados de maneira eletrônica representam 45% do total. Já no Reino Unido, a taxa é de 65%. “O uso do papel-moeda gera um alto custo, que vai da logística à impressão”, ressaltou Rodrigo Cury, head de Cartões do Grupo Santander Brasil, e um dos participantes do painel.
Inovação e experiência de compra
Para elevar a utilização dos meios eletrônicos na hora do pagamento, os executivos do setor acreditam que é preciso aprimorar constantemente a experiência de compra do consumidor. A inovação, portanto, é o caminho a ser percorrido. A importância do tema foi debatida no painel “A inovação do varejo pede passagem”, que foi mediado pelo vice-presidente de Produtos, Inovação e Marketing da Cielo, Danilo Caffaro, e contou com a participação de Luca Cavalcanti, diretor-executivo de Pesquisa, Inovação e Canais Digitais do Bradesco, Guilherme Horn, head de Inovação da Accenture, André Fatala, diretor do Luizalabs – Magazine Luiza, e Nuno Lopes Alves, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Visa no Brasil.
Na avaliação de Caffaro, os avanços no setor de pagamento têm como finalidade facilitar a compra, mas sem esquecer da segurança. “O objetivo do cliente é adquirir alguma coisa. Quanto mais invisível for a experiência de pagamento, melhor. Esse é o nosso papel”, afirmou o VP da Cielo. “O desafio é ter soluções escaláveis e gerar uma mudança de comportamento, que é o ponto principal”, completou o executivo da Cielo.
Guilherme Horn, da Accenture, completou dizendo que hoje é fundamental “colocar o cliente no centro de tudo. Basicamente, é isso o que muitas startups estão fazendo e provocando soluções disruptivas. Esses desenvolvedores começam com uma folha em branco e a dor do usuário. Qual experiência o consumidor gostaria de ter em determinada situação?”, assinalou o executivo da Accenture. “Existia um mito de que a inovação vinha de mentes brilhantes. Na verdade, ela vem de dois pontos: exploração de novos temas e fluxo de colaboração de ideias.”
O exemplo prático disso foi trazido pelo diretor do Luizalabs. Fatala contou um pouco sobre a transformação do Magazine Luiza, que passou de uma empresa convencional com atendimento digital para um negócio digital com pontos físicos. “Para mudar a cultura, foi preciso alterar toda a estratégia do negócio. Pensar nos diversos setores da empresa”, disse Fatala. “Todo movimento que fazemos rumo à inovação está ligado à experiência que o varejista deseja entregar para o consumidor final. Voltamos para aquela lógica antiga do atendente de vendinha do interior que sabia o nome da pessoa, o gosto que ela tinha e esse era o diferencial de como atender bem.”
Para descobrir a preferência de cada consumidor em um mercado tão amplo, os algoritmos e a inteligência artificial são ótimas ferramentas, afirmou Luca Cavalcanti, do Bradesco. “Com o InovaBRA por exemplo, passamos por uma série de fases, como a construção de algoritmos, processos de inteligência artificial e muitas outras áreas. Isso porque entendemos que o futuro está nesses pontos. Assim como as questões ligadas ao reconhecimento facial, de voz e a personalização dos serviços de acordo com os algoritmos, para melhorar a experiência do cliente.”
Além de aprimorar a experiência, essas ferramentas são importantes para aumentar a segurança. Nuno Lopes Alves, da Visa, afirmou que a ideia da empresa é diminuir a fricção no processo de pagamento e citou o Verified by Visa como um processo que causava uma perda de conversão quando o interesse era aumentar a segurança. “Com isso em mente, criamos uma solução que elimina essa interferência com o usuário. É uma autenticação silenciosa. Essa solução gerou uma diminuição de 85% no tempo de espera pela resposta da autenticação e 75% de abandono dos carrinhos de compras.”