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Em bate-papo com Time Cielo, ex-executivo da Netflix fala sobre a importância da cultura da inovação

Publicado por Equipe Cielo

“Tudum!”. Para muita gente, ler essa palavra traz junto o “som” que ela representa: o áudio da Netflix, que faz parte do imaginário de milhões de assinantes em todo mundo. Tão marcante quanto essa “assinatura sonora” é a atuação da empresa de streaming na inovação.

A Netflix é uma das empresas pelas quais passou Omarson Costa, que esteve com o Time Cielo em outubro para compartilhar um pouco sobre a importância da cultura inovadora no mercado.

Convidado pelo Garagem Talks, bate-papo promovido pelo nosso hub de inovação para os nossos colaboradores, Omarson compartilhou um pouco sobre sua vasta experiência em gestão de tecnologia e inovação, trazendo um pouco dos bastidores da Netflix no país.

“Nada do que fazemos hoje é igual ao que fazíamos três anos atrás”

Nosso convidado abriu a conversa trazendo uma citação de Frédérix Mazzella, CEO da BlaBla Car, onde ele afirma que “nada do que fazemos hoje é igual ao que fazíamos três anos atrás”.

Para mostrar como a nossa sociedade está se transformando rapidamente, Omarson compartilhou um vídeo onde são comparados dois pit-stops (paradas onde o piloto de corrida automobilística para o carro para fazer ajustes).

No primeiro deles, realizado nos anos 50, a equipe leva pouco mais de um minuto realizando a manutenção do veículo; já no segundo, realizado em 2013, o tempo total utilizado é de cerca de quatro segundos.

“Esse vídeo mostra a questão da velocidade nos dias de hoje. Tudo é extremamente rápido e o que você fazia antes, hoje é feito de forma muito mais rápida”, ressaltou.

Ele relembrou ainda que, até 2006, produtos e serviços como o tablet, o WhatsApp, o Instagram e o Kindle sequer existiam e que o iPhone representou um marco das telecomunicações e dos mercados em geral.

Para explicar como a inovação vem transformando a sociedade ao longo do tempo, Omarson mostrou um gráfico produzido pela Federação Japonesa de Negócios.

Nele, é possível ver como tem ocorrido os avanços da humanidade desde a Sociedade da Caça até a atualidade, quando estamos ingressando na chamada “Sociedade 5.0” (sociedade superinteligente).

“A transição das sociedades é feita através de diversas políticas de governo e estratégias de integração que envolvem todo ecossistema social. Aliado a isso, é necessário criar as leis que incentivam a inovação. Em terceiro, é preciso trazer os fundamentos da tecnologia e, na sequência, preparar as pessoas para uma nova realidade de mercado. Por último, o lado social tem que ser trabalhado, para que as pessoas abracem e se integrem nesta nova sociedade. Essa organização apontada pelos japoneses é interessante, porque mostra como essa transição é feita em todas as camadas”, destacou.

Para o executivo, o momento atual reflete o estágio em que estamos saindo de uma sociedade tecnológica para uma sociedade ultra conectada, baseada na computação, na biociência e na robótica:

“Isso muda uma série de premissas com as quais já estamos acostumados. Aos poucos, as grandes companhias mundiais vão sendo substituídas por empresas de tecnologia. E aí, vale fazer a reflexão sobre quais indústrias serão realmente estratégicas nos próximos anos”.

Todas as companhias podem e devem inovar

Fazendo analogia com o personagem Thanos, vilão dos quadrinhos que preconiza a destruição do planeta como conhecemos, Omarson ressaltou que, de fato, “o fim está próximo” – pelo menos no que diz a fazer as coisas sempre da mesma forma.

Inovação é fazer as mesmas coisas, só que melhor. Todos os dias, podemos melhorar. Então, podemos dizer que muitas empresas são inovadoras. No entanto, poucas podem afirmar que são disruptivas. Ser disruptivo é fazer coisas novas que tornam todas as outras coisas obsoletas. É o que aconteceu com o iPhone e com a energia elétrica”, afirmou.

Ele também citou como exemplo a indústria de máquinas fotográficas, que sofreu uma derrocada extrema a partir da popularização dos smartphones:

“Quando acontece uma disrupção, você não tem tempo de reação. E ela não acontece por um fator isolado; ela acontece por múltiplos fatores que criam a ‘tempestade perfeita’. E é importante olhar não só sua indústria, mas todas as indústrias correlatas ao seu negócio. Isso é necessário para ter uma visão ampla do seu mercado’”.

Uso de dados é fundamental para conhecer profundamente seus clientes

Companhias como Amazon, Google, Facebook, Apple e Netflix têm, além da tecnologia, um outro aspecto em comum: identificar e conhecer profundamente o seu cliente. E esse conhecimento passa, necessariamente, pelo uso que cada uma delas faz dos dados sobre seus consumidores.

“Quando eu menciono dados, não estou me referindo a ter áreas dedicadas à Big Data. Falo das estruturas de tecnologia que fazem análises preditivas e trazem insights e informações que ajudam na tomada de decisão. Em 2015, por exemplo, os dados que a Netflix tinha sobre House of Cards ajudaram a direcionar a produção da série sobre o tipo de cena que despertava mais interesse e aumentava o engajamento”, destacou. “A Netflix é uma companhia extremamente analítica e os dados ajudam a retroalimentar toda a parte de conteúdo”.

Omarson também citou como referência o livro “A regra é não ter regras”, que fala sobre a cultura da inovação na empresa:

Comportamento e crença são as duas palavras-chaves. O que você acredita é extremamente relevante. Se você não tem sintonia com o que está sendo proposto, não funciona. Na Netflix, as pessoas acreditam profundamente no que estão fazendo. Cultura é a atitude das pessoas. Num processo de seleção para uma empresa, isso precisa ser discutido. E quanto mais diverso forem os valores e as crenças, melhor”.

Ele aponta que não é difícil construir uma estratégia; difícil é construir uma cultura. Por isso, é essencial focar na cultura antes da estratégia em si.

“A cultura da Netflix valoriza aspectos como a alta performance e a liberdade com responsabilidade, oferecendo contexto em vez de controle. Nesse contexto, quando alguém da equipe erra, a responsabilidade não é daquela pessoa e sim da liderança. O líder é o responsável. Mas muitas companhias fazem o oposto disso”, contou.

Além disso, ele ressaltou que a companhia utiliza testes para obter dados que irão balizar todas as ações realizadas.

“Na Netflix, não existe a questão da opinião ou o que as pessoas mais gostam. As decisões são tomadas com base nos dados e fatos”, enfatizou.

A falta de uma boa cultura organizacional impede a inovação

Para finalizar, Omarson destacou uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review feita com alguns dos principais executivos americanos para identificar os principais obstáculos da inovação nas empresas.

O resultado apontou que fatores como política (fofocas e guerras internas), “vaidade” de determinados profissionais, falta de alinhamento e a cultura.

Para ele, mesmo quando as empresas têm uma boa estratégia, a inovação não será possível sem uma cultura adequada para que isso ocorra.

Ele ressalta também que, para criar uma cultura de fato inovadora, é essencial promover a Diversidade e Inclusão nas empresas, dando voz e relevância a todos no dia a dia:

“Diversidade é chamar todas as pessoas para a festa. Inclusão é chamá-las para dançar. Convidar para a festa não é a mesma coisa que dançar com as pessoas. Não adianta dizer, por exemplo, que mais mulheres foram contratadas. É preciso se perguntar: quantas delas são líderes? Se você traz pessoas diversas, mas não promove a inclusão nem dá voz a elas, é como chamar as pessoas para a festa e deixá-las de lado, isoladas numa mesa”.

 

 

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