Acessibilidade. O que você pensa quando falamos sobre isso? Para muita gente, a primeira coisa que vem à cabeça é que o assunto diz respeito apenas às pessoas com algum tipo de deficiência e se limita a questões relacionadas ao espaço físico.
No entanto, Acessibilidade vai bem além disso. E mais: ela diz respeito a todos nós, em todas as fases da nossa vida. Para abordar esses aspectos com o #TimeCielo e ampliar o olhar sobre a importância do tema no ambiente corporativo, a edição do Conversas Plurais do dia 03 de setembro teve como tema “Acessibilidade nas Corporações: um Olhar Voltado para a Equidade”.
O encontro online foi mediado por Julio Cesar Martins, Gerente Jurídico da Cielo, e contou com a presença de Bruno Mahfuz, fundador da empresa de Acessibilidade GuiadeRodas.
Acessibilidade não se restringe ao cumprimento de normas
Cadeirante desde 17 anos, após sofrer um acidente automobilístico, Bruno Mahfuz compartilhou a experiência de estar numa cadeira de rodas no auge da sua juventude. Após passar por um longo período de recuperação do acidente, Mahfuz queria fazer as coisas que um jovem normalmente faz, como sair, se divertir, estudar.
No entanto, a falta de Acessibilidade muitas vezes limitou suas opções – incluindo, por exemplo, a escolha da faculdade.
“Não estudei na faculdade que gostaria. Estudei onde foi possível”, relata.
Essa e outras experiências o fizeram perceber que a Acessibilidade não se resume ao cumprimento de normas, mas sim a um conjunto de práticas que vai abrange infraestrutura, atendimento e comunicação.
“Acessibilidade é tornar possível que todas as pessoas tenham autonomia, garantindo condições de segurança e conforto. Quem não gosta de ter isso?”, questiona.
Como forma de direcionar a atenção e promover a educação sobre o assunto, em 2016 Bruno fundou o Guiaderodas, uma empresa de acessibilidade que informa, conscientiza e certifica espaços para propiciar uma vida mais autônoma e inclusiva para todos.
Segundo ele, a ferramenta surgiu da vontade de evitar as frustrações geradas pela falta de informações sobre Acessibilidade em locais como prédios e estabelecimentos comerciais.
Através das avaliações feitas de forma colaborativa, os usuários do Guiaderodas podem saber previamente se um lugar é ou não acessível, reunindo condições de receber o público PCD (pessoas com deficiência).
A partir das informações disponíveis, é possível escolher os locais mais adequados para ir e até traçar roteiros de viagens.
Disponível em versões mobile (Android e iOS) e web, o Guiaderodas já reúne informações de mais de duas mil cidades, espalhadas por mais de 115 países. O alcance e impacto positivo fizeram o app ser premiado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) como “Melhor Inovação Inclusiva no Mundo”, no World Summit Awards.
“É uma ferramenta social, de utilidade pública. O aplicativo contribui também para ampliar e educar o olhar das pessoas para as questões de acessibilidade, ensinando o que deve ser observado para avaliar os locais”, observa Mahfuz.
A partir daí, a empresa desenvolveu também a Certificação Guiaderodas, iniciativa que reconhece as melhores práticas de acessibilidade e inclusão, oferecendo todo suporte técnico necessário para empreendimentos e empresas que querem avançar nestes aspectos.
Acessibilidade: é necessário ter visão 360° sobre o assunto
Outro ponto destacado por Bruno Mahfuz foi o fato que a Acessibilidade traz benefícios a todos nós. Afinal, ela é necessária em todas as fases da nossa vida.
“Não precisamos quantificar o mercado de pessoas com deficiência. A Acessibilidade é necessária para todos nós, em alguma fase da vida. Ela vale para pessoas com idade mais avançada, grávidas, crianças, para acidentados que estão com uma perna imobilizada”, reforça. “E quando uma ideia é boa, ela é boa para todos – até para os negócios”.
Ao finalizar o bate-papo com nossos colaboradores, Bruno frisou também a importância de ter uma visão 360° sobre o assunto e envolver as pessoas, seja nas empresas ou na sociedade em geral.
Para ele, não é possível falar em inclusão sem acessibilidade e todos precisam abraçar o assunto:
“Não adianta as coisas serem acessíveis se as pessoas não forem acessíveis, que não saibam lidar com a deficiência humana. Muitas vezes, por falta de familiaridade com o tema, nós não incluímos as pessoas. A pessoa que tem uma deficiência é uma pessoa. Há muita importância da interface humana nesse processo”.