Indicador considera a receita deflacionada de vendas do varejo em relação ao ano de 2015.
Em dezembro de 2016, retração foi de 3,9%
A receita de vendas do comércio varejista ampliado encerrou o ano de 2016 com uma retração de 4,8% em relação a 2015, depois de descontada a inflação que incide sobre a cesta de setores do varejo ampliado. É o que mostra o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), divulgado nesta segunda-feira (16). Em 2015, o índice havia registrado retração de 1,4% na mesma base de comparação. Já o ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – apontou crescimento de 3,6% no ano passado, contra alta de 5,5% em 2015.
“O ano de 2016 foi quase todo estável, mas num patamar muito baixo, na casa dos 5% de retração. Quando comparamos os dois anos fechados, 2015 ainda teve uma média melhor, porque os primeiros meses haviam registrado crescimento positivo”, afirma Gabriel Mariotto, gerente de inteligência da Cielo.
SETORES
Em 2016, todos os grupos de setores tiveram retração no desempenho de vendas. Vale ressaltar que o bloco de Bens Não Duráveis, que costumava ser o mais resiliente dos setores analisados pelo ICVA, foi mais fortemente impactado no último ano, principalmente pelo desempenho mais fraco de Supermercados e Hipermercados e Postos de Combustível. O destaque positivo do período foi o conjunto de setores de Serviços, puxado por Turismo e Transporte. Já o bloco de Bens duráveis/Semiduráveis, que inclui setores como Móveis, Eletro e Lojas de Departamento, Vestuário, Materiais para Construção, Óticas e Joalherias, entre outros, continuou apresentando a maior retração do ICVA no último ano.
REGIÕES
Em 2016, todas as regiões brasileiras registraram desaceleração no varejo, tanto pelo ICVA deflacionado quanto pelo nominal. Pelo indicador deflacionado, a região Sul apresentou menor retração anual, de 3,5%, seguida pelas regiões Centro-Oeste e Nordeste, ambas com retração de 4,3%. As regiões Sudeste e Norte obtiveram o pior desempenho, com quedas de 4,9% e 7,4%, respectivamente.
Já pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação –, a região Sul se destaca com crescimento de 5,9% no ano, seguida pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste, com crescimentos de 4,2% e 3,6%, respectivamente. As regiões com pior desempenho foram o Sudeste, com crescimento de 3,1% e Norte, com alta nominal de 1,3% no ano.
DEZEMBRO DE 2016
No mês de dezembro de 2016, a receita de vendas do comércio varejista registrou retração de 3,9% em relação ao mesmo período de 2015, depois de descontada a inflação que incide sobre a cesta de setores do varejo ampliado. Em novembro, o índice havia registrado queda de 3,6%.
O desempenho de dezembro foi beneficiado pelo calendário. No período, houve uma terça-feira e uma quarta-feira a menos em relação a dezembro de 2015, porém, uma sexta-feira e um sábado a mais – este último é considerado o dia da semana mais forte do varejo. Além disso, os feriados de Natal e Ano Novo foram celebrados em fins de semana. Em conjunto, todos esses fatores resultaram em impacto positivo no mês. Ajustados estes efeitos de calendário, o índice aponta retração de 5,6%, inferior ao índice registrado em novembro, de -4,9%.
Em termos nominais, o indicador mostra alta de 2,0% em dezembro contra um ano antes, patamar inferior em relação ao registrado em novembro (+3,3%). Descontados os efeitos de calendário, o índice nominal registrou alta de 0,2%, desacelerando em comparação ao índice de novembro (+1,9%).
INFLAÇÃO
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado em dezembro pelo IBGE apontou alta de 6,29% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto novembro havia registrado 6,99%.
Neste mês, a desaceleração no período foi puxada pelos setores de Alimentação e Bebidas, Habitação e Vestuário. Dessa forma, ponderando o IPCA pelos setores e pesos do varejo ampliado, houve uma desaceleração da inflação – de 7,2% em novembro para 6,2% em dezembro – no acumulado do último ano.
SETORES
Todos os setores apresentaram retração pelo ICVA deflacionado em dezembro de 2016, com exceção de Drogarias e Farmácias. E mesmo este setor apresentou desaceleração na passagem mensal.
O bloco de setores que comercializam Bens Não Duráveis foi o que mostrou a pior performance, apesar do resultado positivo de Drogarias e Farmácias, citado anteriormente. A queda foi impulsionada pelo pior desempenho de Supermercados e Hipermercados e Postos de Combustível no período.
Outro conjunto de setores que também apresentou performance negativa foi o de Bens Duráveis e Semiduráveis, mesmo com uma leve aceleração na passagem mensal.
Por fim, o grupo de setores de Serviços registrou novamente a melhor performance em dezembro, apesar da retração sobre um ano antes. Destaque para Serviços Automotivos e Alimentação em Bares e Restaurantes, que apresentaram as maiores acelerações na passagem mensal.
NATAL
Em 2016, o período de compras que contempla o Natal (de 22 a 25 de dezembro) teve crescimento nominal de 0,4% contra o mesmo período de 2015, abaixo do ICVA registrado no mês. A quantidade de vendas cresceu 3,2% em comparação com o mesmo período de 2015, enquanto o ticket médio – que foi de R$ 96 – apresentou retração de 2,8% no mesmo período.
REGIÕES
Em dezembro, as regiões Sudeste e Centro-Oeste apresentaram, ambas, retração de 4,1%. O varejo ampliado no Norte teve queda de 4,0% no período, seguido pelas regiões Nordeste (-3,5%) e Sul (-2%). Pelo ICVA nominal, que não considera o desconto da inflação, a região Sul registrou alta de 4,1% e o Nordeste cresceu 3,1% na comparação com dezembro de 2015. Já as regiões Norte e Sudeste apontaram altas de 2,6% e 1,4%, respectivamente. Ainda pelo mesmo conceito, a região Centro-Oeste computou alta de 1,2% no mês.
SOBRE O ICVA
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro de acordo com a sua receita de vendas, com base em um grupo de mais de 20 setores mapeados pela Cielo, de pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor dentro do resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.
O ICVA foi desenvolvido pela área de Inteligência da Cielo com base nas vendas realizadas nos mais de 1,7 milhão de pontos de vendas ativos credenciados à companhia. A proposta do Índice é oferecer mensalmente uma fotografia do desempenho do comércio varejista do país a partir de informações reais.
COMO É CALCULADO
A gerência de Inteligência da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento, como a variação de market share, bem como isolar os efeitos da substituição de cheque e dinheiro no consumo – dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.
Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.
Clique aqui para acessar a série histórica do ICVA.